terça-feira, 19 de março de 2013

ARTIGO - O MENDIGO E O GUERREIRO



(Artigo do nosso colaborador - Jornalista João Dantas)

O MENDIGO

Você espera que sua namorada seja carinhosa e fiel. Você quer que seus amigos o apóiem. Você deseja que o mundo seja justo. Você quer dinheiro, poder, mulheres. Sua pergunta-chave é: “O que a vida tem a oferecer para mim?”.
Quando você se coloca como um mendigo, sua posição é de extrema fragilidade. Você facilmente será perturbado, abalado, criticado. Assim que as configurações externas não colaborarem (e elas eventualmente não vão colaborar!), você se dará mal, muito mal.
Quando desempregado, você busca empresas que paguem o que você quer ganhar, que atuem na área na qual você quer trabalhar, que sejam compatíveis com a sua visão corporativa.
Com sua namorada, você espera que ela satisfaça suas necessidades, que se comporte de determinadas maneiras, que o faça feliz. Se ela não gosta de algo que você deseja muito para si, isso é um problema. Se ela gosta, isso é ótimo. Essa postura se revelará frágil no momento em que ela deixar de fazer o que você gosta e começar a fazer o que você não gosta. Se você continuar com a mesma posição e decidir abrir concessões, sua situação ficará pior ainda.
Essa é a lógica do receber, que pode ser representada pela figura do mendigo.

O GUERREIRO

O guerreiro sabe que pessoas, situações e instituições oscilam. O guerreiro vê que as pessoas são confusas e por isso não espera nada de ninguém. Sua pergunta-chave é: “O que eu tenho a oferecer para a vida?”.
Quando você se coloca como guerreiro, sua posição é inabalável. Oferecer é uma ação sem contra-indicação alguma. Vejamos, por exemplo, o ato de dar um presente. Um iPod Touch, digamos. A pessoa que recebeu tem sua alegria vinculada ao objeto – assim que ele quebrar, a alegria cessará e se transformará em insatisfação. Sua alegria, por outro lado, independe do objeto; brota diretamente da generosidade. Ninguém a tira de você e ela não cessa mesmo quando o iPod quebrar. É claro que, se der o presente esperando alguma recompensa, você se sentirá frustrado caso não receba o “Obrigado!” na intensidade esperada ou a amizade ou o sexo.
Quando desempregado, você observa a si mesmo e lista suas próprias habilidades e qualidades positivas. A seguir, olha para o mundo e tenta encontrar os locais e pessoas que precisam das habilidades que você manifesta. Veja aqui um exemplo real disso.
Com sua namorada, você age a favor da felicidade dela. Busca iluminar suas qualidades positivas e contribuir para seu florescimento. Você oferece sua presença para enriquecer a vida dela, sem esperar que ela faça o mesmo com você. Você não precisa dela para ser feliz, mas ainda assim a convida para que possa oferecer e compartilhar sua felicidade com ela, compartilhar a beleza da sua vida (filmes, músicas, projetos).
Essa é a lógica do oferecer, que pode ser representada pela figura do guerreiro.

NOSSA LIBERDADE

Como mendigos, nos desesperamos e corremos de um lado para o outro buscando a melhor configuração, a situação na qual somos vitoriosos, a cena que nos deixa bem, a mulher que nos satisfaz.
Como guerreiros, juntamos nosso melhor e oferecemos ao mundo, sem expectativas de ganho ou reconhecimento. Como guerreiros, buscamos nossa transformação para que possamos contribuir ainda mais para sonhos elevados. Reduzimos nossas necessidades ao mínimo possível e focamos sempre nas necessidades dos outros ao nosso redor. Nossa felicidade vem desse processo de alimentação da felicidade dos outros.
O que é melhor? Começar uma amizade pedindo ou fazendo um favor? O que deixa você mais feliz? Qual a melhor base: carência ou generosidade? Sempre que posso, me proponho a ajudar desconhecidos e acabo criando relações positivas para todo lado. Às vezes indico algo, fico de enviar um email ou gravar um CD, diagramo currículos para quem está buscando emprego e me envia um currículo todo mal formatado, arrumo sites, ofereço tudo o que tenho, sem restrições. São pequenas coisas, mas o ponto é começar algo por generosidade em vez de carência.
Com relações amorosas e passionais, o processo é o mesmo. Ofereça uma noite de dança, um jantar, um presente. Ofereça seu próprio corpo, seu tempo, seu olhar. Uma massagem, um carinho, uma conversa. Anos de dedicação, por que não? Mas sempre aja como guerreiro. Saiba que tudo pode desabar a qualquer instante e ainda assim você ficará feliz simplesmente pela chance que teve em dedicar seu melhor.
Isso não o impede de pedir algo. Quer maior treino para o orgulho do que pedir ajuda? Isso realmente é maravilhoso! Além disso, pedir é dar a chance para o outro praticar generosidade. Ou seja, para um homem guerreiro, pedir é, em si mesmo, um ato de generosidade

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