(Artigo do nosso colaborador - Jornalista João Dantas)
O MENDIGO
Você
espera que sua namorada seja carinhosa e fiel. Você quer que seus amigos o
apóiem. Você deseja que o mundo seja justo. Você quer dinheiro, poder,
mulheres. Sua pergunta-chave é: “O que a vida tem a oferecer para mim?”.
Quando
você se coloca como um mendigo, sua posição é de extrema fragilidade. Você
facilmente será perturbado, abalado, criticado. Assim que as configurações
externas não colaborarem (e elas eventualmente não vão colaborar!), você se
dará mal, muito mal.
Quando
desempregado, você busca empresas que paguem o que você quer ganhar, que atuem
na área na qual você quer trabalhar, que sejam compatíveis com a sua visão
corporativa.
Com sua
namorada, você espera que ela satisfaça suas necessidades, que se comporte de
determinadas maneiras, que o faça feliz. Se ela não gosta de algo que você
deseja muito para si, isso é um problema. Se ela gosta, isso é ótimo. Essa
postura se revelará frágil no momento em que ela deixar de fazer o que você
gosta e começar a fazer o que você não gosta. Se você continuar com a mesma
posição e decidir abrir concessões, sua situação ficará pior ainda.
Essa é a
lógica do receber, que pode ser representada pela figura do mendigo.
O GUERREIRO
O
guerreiro sabe que pessoas, situações e instituições oscilam. O guerreiro vê
que as pessoas são confusas e por isso não espera nada de ninguém. Sua
pergunta-chave é: “O que eu tenho a oferecer para a vida?”.
Quando
você se coloca como guerreiro, sua posição é inabalável. Oferecer é uma ação
sem contra-indicação alguma. Vejamos, por exemplo, o ato de dar um presente. Um
iPod Touch, digamos. A pessoa que recebeu tem sua alegria vinculada ao objeto –
assim que ele quebrar, a alegria cessará e se transformará em insatisfação. Sua
alegria, por outro lado, independe do objeto; brota diretamente da
generosidade. Ninguém a tira de você e ela não cessa mesmo quando o iPod
quebrar. É claro que, se der o presente esperando alguma recompensa, você se
sentirá frustrado caso não receba o “Obrigado!” na intensidade esperada ou a
amizade ou o sexo.
Quando
desempregado, você observa a si mesmo e lista suas próprias habilidades e
qualidades positivas. A seguir, olha para o mundo e tenta encontrar os locais e
pessoas que precisam das habilidades que você manifesta. Veja aqui um exemplo
real disso.
Com sua
namorada, você age a favor da felicidade dela. Busca iluminar suas qualidades
positivas e contribuir para seu florescimento. Você oferece sua presença para
enriquecer a vida dela, sem esperar que ela faça o mesmo com você. Você não
precisa dela para ser feliz, mas ainda assim a convida para que possa oferecer
e compartilhar sua felicidade com ela, compartilhar a beleza da sua vida
(filmes, músicas, projetos).
Essa é a
lógica do oferecer, que pode ser representada pela figura do guerreiro.
NOSSA LIBERDADE
Como
mendigos, nos desesperamos e corremos de um lado para o outro buscando a melhor
configuração, a situação na qual somos vitoriosos, a cena que nos deixa bem, a
mulher que nos satisfaz.
Como
guerreiros, juntamos nosso melhor e oferecemos ao mundo, sem expectativas de
ganho ou reconhecimento. Como guerreiros, buscamos nossa transformação para que
possamos contribuir ainda mais para sonhos elevados. Reduzimos nossas
necessidades ao mínimo possível e focamos sempre nas necessidades dos outros ao
nosso redor. Nossa felicidade vem desse processo de alimentação da felicidade
dos outros.
O que é
melhor? Começar uma amizade pedindo ou fazendo um favor? O que deixa você mais
feliz? Qual a melhor base: carência ou generosidade? Sempre
que posso, me proponho a ajudar desconhecidos e acabo criando relações
positivas para todo lado. Às vezes indico algo, fico de enviar um email ou
gravar um CD, diagramo currículos para quem está buscando emprego e me envia um
currículo todo mal formatado, arrumo sites, ofereço tudo o que tenho, sem
restrições. São pequenas coisas, mas o ponto é começar algo por generosidade em
vez de carência.
Com
relações amorosas e passionais, o processo é o mesmo. Ofereça uma noite de
dança, um jantar, um presente. Ofereça seu próprio corpo, seu tempo, seu olhar.
Uma massagem, um carinho, uma conversa. Anos de dedicação, por que não? Mas
sempre aja como guerreiro. Saiba que tudo pode desabar a qualquer instante e
ainda assim você ficará feliz simplesmente pela chance que teve em dedicar seu
melhor.
Isso não
o impede de pedir algo. Quer maior treino para o orgulho do que pedir ajuda?
Isso realmente é maravilhoso! Além disso, pedir é dar a chance para o outro
praticar generosidade. Ou seja, para um homem guerreiro, pedir é, em si mesmo,
um ato de generosidade
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